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Uma coisa de cada vez

Hoje me aconteceu uma cena aparentemente curiosa, mas na verdade com muito sentido: meu filho, 2 anos, resolveu fazer uma manha… no geral ele é super de boa, mas é uma criança como qualquer outra, não gosta de ser contrariado… aí, reage do jeito que instintivamente sabe… aquele choro manhoso.
Ele me viu preparando o seu leite, que toma todos os dias antes de dormir, após o banho. Me pediu, claro. E eu disse: “Agora não.”
Ai chorou, claro. E eu disse: “Você vai tomar seu leite, ele é seu, mas primeiro o banho!”
Ai, ele, ainda chorando, fez o maior bico e se jogou no chão. E eu, abaixei, sentei ao seu lado e disse: “Filho, você já sabe, a gente guarda os brinquedos, toma banho, põe o pijama, toma o leite e dorme… todos os dias é assim. Lembra?!”
Ai, como num toque de mágica ele parou de chorar, levantou e com toda naturalidade, pegou um carrinho e colocou na caixa…
E eu entendi, ele estava me dizendo – Olha mamãe, ja comecei o processo… vamos logo até a hora do leite!!
E então, resolvi escrever para vocês sobre a importância da rotina. Porque não é um truque de mágica coisa nenhuma, isso é resultado de uma rotina bem estabelecida. Toda criança precisa de rotina, todos nós precisamos de rotina. Desde bebê, na verdade!
E vamos começar explicando que rotina não é a imposição de um milhão de regras rigidamente definidas que não podem mudar nunca.
A rotina da criança vai sendo construída e reconstruída de acordo com os perfis de personalidade, dela e de quem faz parte dela, levando em conta horários e compromissos de todos os envolvidos. Os horários que o bebê ou a criança dormem e se alimentam, por exemplo, vai estar de acordo com a rotina, já estabelecida, de quem cuida deles – e de seu perfil, claro. Então, vai ser diferente de uma criança que dorme bastante para outra que dorme pouco; de uma que come de tudo para outra que tem mais restrições. Se a família costuma almoçar as 13hs, a criança vai comer sozinha ao meio dia? Não. Ela vai ter uma fruta, um lanchinho no meio da manhã e vai almoçar junto com a família. Se a criança passa o dia todo na escolinha (e lá tem sua hora da soneca), ela vai chegar em casa, comer, tomar banho, fazer tudo correndo para dormir…e não vai ficar um pouquinho com papai e mamãe? Não, neh?!… Pode-se criar uma rotina em que ela possa brincar um pouco com a família, jantar com os pais, ou com um deles se for o caso… aí o outro dá o banho… e se todos compartilharem, o tempo será bem aproveitado e tudo será feito com calma. E se a criança mora só com a mamãe, dá para mamãe trabalhar, cuidar da casa, da comida, de seu auto cuidado de uma maneira bem mais tranquila se tudo isso fizer parte de uma rotina, que seja coerente com a rotina dos cuidados da criança, porque ela irá colaborar bem mais.
Se uma coisa vem depois da outra, todos os dias – com suas exceções, é claro – a criança se sentirá segura, porque saberá que suas necessidades serão atendidas. Será mais calma, porque não terá a ansiedade do desconhecido o tempo todo…”o que vem agora?”. Ficará mais tolerante, porque saberá que se algo não for agora, será depois. Se tornará mais colaborativa, porque logo perceberá sobre causas e efeitos.
Basta pensarmos em nós mesmos, quando temos o planejamento, não fica mais fácil? Como a criança ainda não consegue ter o seu próprio plano de ação, a rotina que construímos com ela – e não para ela – é esse planejamento que facilita as coisas.
O mais importante disso tudo é a segurança, vou enfatizar isso! Uma criança que tem uma rotina construída junto com a família, que respeita suas necessidades e seu perfil de personalidade. E que se reconstrói sempre que necessário, num processo dinâmico. E que tem por base as relações de amor e de cuidado… Será uma criança, um adolescente, um adulto seguro! Seguro de seu valor, de sua identidade, de seus propósitos.
Lembrando que:
– cada casa tem suas regras (casa da vovó… regras da vovó?? tomara que seja uma vovó que compartilhe da ideia da importância da rotina!);
– toda semana tem seu domingo (para descansar de algumas regras);
– nem tudo pode ser negociado (se agora é hora de comer, o comer não será negociado, mas podemos negociar o tipo de comida, a quantidade, o terminar de fazer alguma coisa antes…);
– o não tem que ser não, mas ele pode vir seguido de um sim (“Video game agora não!! Mas sim, você pode jogar um pouco depois que fizer a lição de casa, e sim, pode assistir um desenho antes da lição”).
E para finalizar, se ensinamos aos nosso filhos que as coisas acontecem uma de cada vez, e algumas precisam ser antes das outras, e que diariamente eles seguem este padrão… estamos ensinando organização, comprometimento, tolerância e respeito.
E se fizermos tudo isso com muito amor e bom humor, muito melhor será!!

Janaina

 

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