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Família Mosaico.

Vc já ouviu esse termo?

Segundo o estatuto da criança de 2009, “famílias que foram originando-se dos relacionamentos acabados são as chamadas famílias reconstituídas ou famílias mosaico. Esse novo modelo familiar é formado por pessoas que possuem um ou mais filhos de relacionamentos anteriores, que sejam casados ou convivam em união estável”.

Trazendo para o nosso senso comum, são familias compostas por pais que podem estar no segundo casamento ou no terceiro…que têm filhos com quem vivem juntos, ou os visitam em tempos determinados.

Esse novo modelo de família  trouxe algumas adaptações. As primeiras famílias que ajudaram a estruturar esse novo formato, podem ter passado por momentos difíceis. Contudo, hoje já fazem parte do nosso cotidiano e são vistas com mais naturalidade, afinal a vida nos traz mudanças e temos que nos adaptar a elas, não é verdade?

Mas o ponto em que quero chegar, é: como é essa vivência para a criança? Como podemos ajuda-los a passar por isso de forma normal e saudável?

  • Muitas vezes a saudade do pai ou mãe que está longe no momento, pode tornar a criança triste, e se ela for pequena, e não souber expor o que está sentindo, talvez fique até chata. Cabe aos adultos tentarem entender esse momento, tirando a criança desse foco e procurando uma distração que a agrade nesses instantes.
  • As casas têm dinâmicas diferentes. Se pai e mãe normalmente já têm hábitos diferentes, imagine o que ocorre quando estão separados e vivendo em casas distintas ? Isso pode representar que a mesma criança que está acostumada a não arrumar a cama na casa da mãe, pode ter como função fazer isso na casa do pai (ou vice-versa). Isso não é um problema, afinal, já é um ensinamento para a criança que as pessoas são diferentes e como devemos nos portar em lugares distintos. Passa a ser um problema se os adultos envolvidos não tiverem essa percepção e cobrarem essa nova atitude da criança com repreensão, e não com explicações.
  • Dividindo a criança: Natal com um, Reveillón com outro. Aniversário esse ano é meu!! E a páscoa? Entendemos que para os pais, gostoso é poder curtir a companhia da criança o tempo todo. No entanto, essas divisões precisarão ocorrer. Quando a criança é menor, essa decisão vai ser só dos pais, mas quando ela for ficando maior é importante que participe dessa escolha (Ainda que em alguns casos não seja possível).
  • Como fazer esses ajustes todos, se os pais não se conversam? Há separações aceitas por ambas as partes que conseguem até manter uma amizade. Já há outras onde não é possível manter esse vínculo. Ainda assim, esses pais terão que escolher um jeito para estabelecer essa comunicação, ainda que seja via email, entendendo que essa comunicação será feita a vida toda, ou pelo menos até a maioridade dos filhos, e quando eles são pequenos algumas decisões deverão ser tomadas em conjunto, mesmo com a separação. Mais uma vez, precisamos contar com o bom senso e maturidade dos pais para que os filhos não participem de brigas ou desentendimentos desnecessários.
  • “Má”drasta ou “Mãe”drasta? Fomos acostumados com os clássicos infantis do passado, onde a madrasta era um personagem ruim, pronto a cometer uma maldade com a criança. Hoje essa história mudou muito e felizmente os finais felizes estão mais presentes. Adultos e crianças de antigos relacionamentos podem ter sim uma convivência harmoniosa, estabelecendo vínculos verdadeiros de afeto. Esses vínculos quando fortalecidos trazem benefícios à família como um todo.
  • Padrastos e madrastas podem sim ajudar na educação dessas crianças quando juntos no final de semana, ou no dia a dia. Mas não podem esquecer nunca que: havendo uma discordância de opinião da mãe ou do pai, devemos lembrar que a responsabilidade pela educação é deles. Podemos até expor o outro ponto de vista, mas devemos respeitar e dar um passo atrás, deixando a decisão por conta deles. Depois, entre adultos, cabe uma conversa para esclarecer essa divergência.
  • Diferença no tratamento dos “meus filhos” e dos “seus filhos”. Claro que essa relação vai tender a ser diferente mesmo, mas tem que ser diferente no bom sentido. Se eu sou aquela mãe que pego muito no pé do meu filho, pode ser que eu não me sinta à vontade de dar a mesma bronca no meu enteado, primeiro por achar que essa deveria ser a função do pai, ou mesmo por achar que ele só vem aos finais de semana e que nesse caso, a bronca poderia ser relevada. As crianças que participam dessa cena podem não sentir essa diferença de forma positiva, ambos podem se sentir prejudicados, cada um à sua maneira. Cabe aos adultos à explicação sobre o acontecido, e dentro do possível, tentar deixar esses comportamentos o mais “parecido” possível. Existe também a diferença no mau sentido: meu filho pode tudo, pra ele faço tudo, e pro meu enteado nada (ou menos) ……. Essa diferença deve ser revista e repensada com delicadeza, não fazendo para ninguém aquilo que eu não gostaria que me fizessem.
  • A criança nem sempre terá comportamentos adequados. Pode ser que ela não aceite o novo relacionamento do pai/mãe, ou por conta própria, ou por orientação de um dos pais que também não aceita a situação. Nesse caso, a criança pode causar algumas situações estressantes e desagradáveis. É preciso um olhar generoso por conta dos adultos para tentar entender se aquele é um comportamento da criança, ou se ela o faz por orientação, e em vez de brigar, orientar, conversar, mostrar que todos entendem o que ela está sentindo. Se for o caso, até procurar uma ajuda profissional para ajudar todos a passar por esse período.

Esse tema pode se desdobrar de várias maneiras, mas pra concluirmos, pudemos ver que as crianças, na maioria das vezes, acabam sendo vítimas de relacionamentos mal construídos dos adultos, mas, se soubermos nos comportar com maturidade, educação e ética, saberemos conduzir essas crianças ao entendimento, e as ajudaremos a passar por esse “novo período” de uma maneira mais saudável.

 

Egle Belintani

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