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“Vai já para o seu quarto!” – de novo?

Não se engane… crianças tem vontade própria, ação própria, emoções próprias. Ôôôô… se tem. Mas ninguém explicou direito para elas como funciona isso.

Não se confunda… criança batendo, mordendo, empurrando todo mundo, não é “uma peste”, “um monstrinho” (juro, já ouvi isso!), necessariamente sem educação ou mal criada. Aliás, adoro esse termo, adoro quando os pais se referem aos próprios filhos como mau criados… vejam só… quem está criando? Quem está criando mau? O que é criar mau? Vamos pensar juntos.

Uma criança, quando agressiva, geralmente está manifestando que precisa de alguma coisa. Alguém pode conversar com ela para ajudá-la entender que coisa é essa – um exemplo de criar bem. Normalmente a agressividade e a violência são reações à alguma emoção ou situação que a criança não entendeu (ainda), ou que “entendeu errado” (fez uma leitura infantil, de acordo com seus desejos e necessidades), ou entendeu mas não aceitou.

Pessoal, se nem a gente entende às vezes as coisas que nos acontecem e nossas emoções… ficamos nervosos, mau humorados e até irados… (alguns de nós, algumas vezes, desconta no trânsito, no companheiro, no cãozinho). Imaginem esses pequeninos que nem desenvolveram muitas das áreas cerebrais por completo, e nem muitas das conexões neurológicas, como  por exemplo, a capacidade crítica e o julgamento.

Vamos com calma:

1º – Não rotule: “Sua peste! Fracasso! Você faz sempre tudo errado mesmo!”

2º – Respire: “Calma! Vamos ver o que temos aqui!” E respire fundo, mesmo! E pode pedir para criança respirar fundo também, juntos.

3º – Separe a criança (que você ama) da ação (que você condena): “Você é tão legal, é tão esperta. Mas bater não é legal, é errado. Isso não está combinando”

4º – Compreenda: “O que aconteceu? Vamos lá, vamos entender porque você fez isso – ou para que você fez isso.” E ouça a criança, mesmo!

5º – Explique: “Bem, eu estou achando que você estava com raiva porque eu não li aquela história na hora que você me pediu e ai derrubou todos os livros da mamãe pelo chão para me mostrar que quando eu não faço o que você quer, você fica muito bravo e algo ruim acontece.” E ai converse, mesmo! Se não tiver tempo ou humor naquele momento, pare por ai e diga que tal horário irão conversar. E cumpra, mesmo!

Podemos falar sobre emoções como a raiva e a frustração com qualquer criança, de 1 a … 20, 30, 60 anos?? E quanto menores, mais somos nós os responsáveis em ajuda-las entender que raiva e medo são sentimentos humanos naturais e importantes, que nos fazem entender quem somos, do que gostamos e não gostamos, quais são nossos limites internos e os limites externos que temos que respeitar, no outro e no mundo. Temos que ensinar que tais sentimentos podem vir com uma frustração, contrariedade, perda ou fracasso. E somos nós que vamos ajudar as crianças separar a emoção da ação. Ela pode sentir raiva, e só entendendo sua raiva saberá lidar com as coisas que não gosta muito. Ela só não pode, não é saudável, ficar curtindo e valorizando esse sentimento. E, claro, não deve agir errado, desrespeitar o outro, ou agredir o mundo. Mas a criança só vai parar quando entender a sua raiva e sentir que você a compreende – e não julga!

E outro ponto, muitas vezes  a criança não fala, não consegue responder os porquês… nem ela mesma sabe porque fez isso ou aquilo, o que está sentindo, o que a levou ao comportamento errado e/ou agressivo. Outras vezes (crianças maiores), colocam a culpa no outro – “Foi ele que começou… Fulano me provocou,” etc… E por vezes, mentem – porque sabem que agiram errado e isso terá consequência. E então, respire mais fundo ainda, umas três vezes…. para que a conversa seja tranquila e você consiga compreender a situação e a criança, e assim ajuda-la mudar o comportamento. Só castiga-la não vai resolver a questão, embora a consequência seja importante para dar o limite na determinada situação, mas compreender o todo do que está acontecendo e identificar sentimentos e ações envolvidas é que promove a mudança.

Quando fui conversar com o Joãozinho, de 7 anos, para saber porque todos os dias ele batia em alguém na escola, e tentar ajuda-lo a entender o que estava sentindo e que tinha outras coisas que podia fazer sobre isso, que não agredir… enfim… ele cruzou os braços, baixou a cabeça e a sua primeira frase para mim foi:

“Eu me demito!”

Conto pra vocês essa historia no próximo artigo!!

Até lá!

Janaina Nakahara

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