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COVID-19 e volta às aulas: reflexão de uma mãe pediatra.

COVID-19 e volta às aulas: reflexão de uma mãe pediatra

A aproximação de um possível retorno às aulas presenciais tem dividido opiniões. Principal medida de prevenção ao novo coronavírus, o distanciamento social impôs um desafio à educação de crianças e adolescentes.

Todos concordamos que a prevenção não deve ser flexibilizada, mesmo com o achatamento da curva e que isso permita o retorno às aulas presenciais.  Acabamos por nos sentir duplamente preocupados: preocupação com o possível adoecimento dos nossos filhos, assim como com o prejuízo na socialização e aprendizagem.

Isso nos traz algumas questões:

– a escola é um espaço de inclusão;

-crianças estão reagindo de diferentes formas às mudanças na rotina originadas pela pandemia e espera-se que haja algum impacto físico, emocional e social sobre elas, de forma que será necessário a criação de espaços de escuta nas escolas, onde essas emoções e idéias possam ser trabalhadas;

-a pandemia tornou ainda mais díspare o ensino oferecido nas diferentes redes de ensino no nosso país (pública e privada). Nem todos tiveram acesso ao ensino remoto ; nem todos tiveram a mesma grade curricular e mesmo número de horas-aula; nem todas as escolas conseguiram se adequar ao mesmo tempo às exigências do ensino remoto.

– em casa, famílias viveram diferentes cenários: pais virando professores, dentro da sala de aula virtual de seus filhos; pais tentando ajudar à distância (aqui me enquadro!!), pela impossibilidade de parar suas atividades laborais; familiares , quando possível, procurando ajudar de qualquer maneira possível (aqui Tb me enquadro!!). Meus filhos perderam o medo de ficar sozinhos em casa na pandemia.

Por tratar-se de uma doença transmitida por gotículas respiratórias de pessoa a pessoa (através da fala, tosse, espirros) e ao se tocar  na face(olhos, nariz e boca) após contato com superfícies contaminadas, o retorno às aulas deverá ser gradual obrigatoriamente.

Crianças não fazem parte do grupo mais afetado, mas crianças abaixo de 5 anos (em especial as abaixo de 2 anos) foram colocadas no grupo de risco por apresentarem maio taxa de hospitalização pelo COVID-19.

Sendo assim, o retorno as aulas presencias irá exigir um esforço conjunto de pais, alunos, escola e funcionários.

Medidas de distanciamento deverão ser mantidas sempre que possível, revendo o espaçamento entre as cadeiras e rodízio no intervalo, por exemplo.  A higienização do ambiente escolar deve receber especial atenção e ser reforçada e expandida para áreas comuns, como parques e brinquedos de uso comum. Medidas educativas para crianças, adolescentes e funcionários devem ser continuamente relembradas, reforçando-se a higienização das mãos, uso de garrafas de água trazidas de casa e uso de máscaras, dentre outras. Vamos lembrar que não se recomenda o uso de máscaras por crianças abaixo de 2 anos e crianças que não tenham dificuldade em retirá-la, pelo risco de sufocação.

A decisão de retornar ou não as crianças e adolescentes às aulas deve ser individualizada a cada família. Precisamos conversar sobre algumas questões e, de acordo com a idade dos nossos filhos, inseri-los na discussão.  Considero importante analisarmos alguns fatores abaixo:

– existência de fatores de risco para a criança ou adolescente (idade menor que 2 anos, principalmente,e  presença de comprometimento da imunidade);

– observação de como está a saúde mental e emocional;

– entendimento da importância das medidas de higiene e treinamento adequado para isso;

– observar a estrutura da escola e como a mesma está se preparando para o retorno.

Vale aqui uma reflexão: num país de proporções continentais e disparidades sócio-econômicas tão grandes quanto a sua extensão, tememos que nem todas as escolas consigam se adequar para proteger seus alunos e funcionários da melhor forma possível. Por outro lado, há crianças que necessitam da estrutura oferecida na escola para se alimentarem e ficarem afastadas da violência doméstica e social por um período.

Analisemos cada situação individualmente e procuremos tomar a decisão da maneira mais consciente possível.

 

Um abraço.

Por Josie Pimentel

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